
O terceiro encontro do ano do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Tecnologia, Cultura e Sociedade (NEPeTeCS) promoveu um debate sobre o livro Cinedebate, cinema, velhice e cultura, organizado pela Nelsa Maria Mendes de Gusmão. As discussões se concentraram nos capítulos 1 – As Imagens da velhice no cinema (de Susana Oliveira Dias) e 2 – A vida adulta e a velhice no cinema (de Guita Grin Debert).
A primeira parte traz uma reflexão sobre como são mediadas essas imagens da velhice reproduzidas no cinema ocidental e oriental, observando o quanto a cultura japonesa traz uma moção de respeito e admiração da sociedade pelos mais velhos. Nos filmes de origem estadunidense e europeia, é muito perceptível a imagem do velho sozinho, longe dos filhos, evidenciando esse contraste entre os dois polos.
Na segunda etapa, a busca foi por uma compreensão sobre a construção de uma certo tipo de velhice como algo que se transformou ao longo do tempo no mundo ocidental, passando pela fase pré-moderna – onde se evidenciava um adulto próximo às crianças e que vai se distanciando conforme a modernidade se desenvolve ao longo dos séculos XVII e XVIII.
Um contexto que passa a representar um adulto mais guiado pela razão do que pelas emoções, o que Debert chama de modernidade. Assim, se estabelecem os períodos para uma vida construída na estrutura fordista com a escolarização para juventude, o trabalho para vida adulta e aposentadoria para a velhice.
O próximo estágio seria a pós-modernidade, fase na qual essas questões não se evidenciam mais tão claramente quanto o tempo da escolarização, trabalho e aposentadoria. Essas noções passam a se embaralhar colocando a velhice numa condição de responsabilização pela sua saúde, o que a autora irá associar a reprivatização da velhice.
A reunião destacou, ainda, a comparação da reprivatização como consequência e reflexo do neoliberalismo na velhice. Um dos textos mais profundos sobre essa nova configuração do sujeito pode ser encontrada no capítulo 9 do livro “A nova razão do mundo”, de Pierre Dardot e Christian Laval.
Nos próximos encontros, a avaliação sobre os conceitos de envelhecimento recai sobre alguns filmes como o francês “Amor”, o canadense Invasões Bárbaras, o japonês Assunto de Família e o italiano Parente é Serpente, além da obra “A Criação da Juventude”, de Jon Savage. Acompanhe para ficar por dentro das discussões.
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