Obra reúne alguns dos artigos de maior impacto do influente pensador conhecido como “filósofo da tecnologia” e reforça o conceito de cosmotécnica
Yuk Hui tenta desconstruir a visão da tecnologia como algo universal e homogêneo. Coloca em xeque também a forma como a filosofia, a antropologia e a história vêm tratando do tema. Faz uma rearticulação (ou descolonização) da tradição herdada do humanismo iluminista ocidental. Questiona o derrotismo do homem diante da tecnologia.
“[…] a tecnologia não tem nenhuma capacidade de transcendência sobre a natureza, ela faz parte da natureza e do “cosmos”. Seria uma cegueira infeliz pensar de outra forma. Yuk Hui gosta de citar D.H. Lawrence para exemplificar esse fato: “Quando ouço pessoas reclamarem de estar sozinhas, então sei o que aconteceu. Elas perderam o cosmos.”
Yuk Hui
Também combate a ideia do determinismo tecnológico, uma visão muito enraizada nas últimas décadas. Para isso, propõe o que chama de cosmotécnica, uma pluralidade de tecnologias criadas e disseminadas a partir de contextos muito específicos, ou seja, pensar a técnica fora das referências eurocêntricas. Concebe a ideia de uma tecnologia decolonial.
De acordo com o especialista, a tecnologia não vai fazer desaparecer as forças políticas, o meio ambiente, os conflitos humanos entre outras questões que fazem parte da nossa rotina. Acredita que a tecnologia faz parte, está inserida no cosmos e que, portanto, não pode ser dissociada da natureza e das relações humanas.
Essa revisão vai permitir, segundo o autor, encontrar saídas para as crises política, moral, ecológica e social. Interessante notar como nas entrelinhas – e em alguns momentos de forma bem direta – sugere maior integração entre cultura e tecnologia.
Autor: Yuk Hui
Editora : Ubu Editora; 1ª edição (15 dezembro 2020)
Número de páginas : 224 páginas
Sobre o autor
Yuk Hui é graduado em engenharia da computação e filosofia na Universidade de Hong Kong e no Goldsmiths College, em Londres. É professor na Bauhaus-Universität Weimar – Alemanha, e se dedica a pesquisar e refletir sobre problemas ontológicos, estéticos, culturais e políticos que envolvem a tecnologia e suas relações no mundo contemporâneo. Conhecido por The Question Concerning Technology in China – An Essay in Cosmotechnics (2016) e outros trabalhos como On the Existence of Digital Objects (2016) e Recursivity and Contingency (2019).