Envelhecimento em debate

O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Tecnologia, Cultura e Sociedade (NEPeTeCS), em parceria com o Diálogos Interdisciplinares do Programa de Pós-Graduação Estudos da Condição Humana (PPGECH) promoveu, nesta terça-feira, 27, transmissão ao vivo sobre “Envelhecer nas telas: corpos no cinema e na pintura.

Com a mediação da professora Teresa Melo, as convidadas Graça Craydi, artista plástica e Karla Bessa, pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da Unicamp abordaram suas pesquisas e obras sob essa temática.

“Eu adoro ter trilhado as coisas que trilhei”.

A artista plástica e arte-militante, como se define, Graça Craydi, de Porto Alegre/RS, está à espera dos 70 anos, que já se aproximam. Já vacinada com a segunda dose da Coronavac, falou na live sobre sua coleção de pintura.

Liive sobre envelhecimento nas telas do cinema e da pintura.

“Velho, profissão solidão”.

Além de expor sobre suas obras, a artista abordou seu processo criativo e suas buscas numa “arte feita para fazer ver o que não está sendo visto, para provocar reflexão”. Ela abordou como funcionam os corpos nessa série, que teve início com sua indagação ao ver velhos e velhas nas janelas. “Tudo que me toca tenho vontade de transformar, de alguma maneira, em arte”, esclarece.

Foi assim também com um trabalho anterior de denúncias sobre violência contra a mulher. Para a pesquisa feita para a coleção sobre a velhice, ela descobriu que a solidão na velhice tem um poder multiplicador das doenças, aumenta a depressão, aumenta a pressão e outras questões como desnutrição, se sentem abandonados, não querem fazer exercícios.

Durante as exposições de suas obras, Graça observou que as pessoas se reconhecem nas telas e se sentem incomodadas. “Precisa-se levantar o véu que esconde o debate da velhice, como diz Simone Beauvoir. A velhice é tida hoje como algo a ser evitado”.

“Tentar pensar o não-pensável”

Dois dias depois da cerimônia do Oscar, que concedeu a premiação ao Anthony Hopkins, o mais velho a vencer como Melhor Ator, a pesquisadora Karla Bessa discutiu a representação de gênero nas telas.

Ela apresentou um resumo sobre o curso que administrou no UniversIdade, da Unicamp, com vários encontros sobre Cinema, Corpo e Envelhecimento. “Esse curso foi muito interessante, bem parecido com o que faço no CinePagu para pensar como as questões da corporalidade afetam essa noção do corpo no seu envelhecer”.

Estudiosa das obras cinematográficas pontuou que quando uma atriz morre já idosa, a foto que aparece é a do alto da carreira, ainda nova, como se não fosse permitido a ela ter envelhecido devido ao sistema de embelezamento do cinema, relacionando mulher e beleza, mulher e juventude.

Ela busca em Jacques Ranciére o conceito de inconsciente estético, para pensar o que não é pensável. Refletir sobre o que a arte está trazendo? O modo como a tecnologia de produção de gênero e também da idade, que é o cinema, compreende e produz discussões sobre formas intergeracionais e como é feito esse exercício de poder que a gente tem sobre os corpos.

Durante sua exposição transmitiu trechos de filmes que abordam a velhice nas telas, como Late Bloomer – O amor não tem fim (2011), com Isabella Rossellini, Parente é Serpente, filme italiano de 1992.

A live ficou gravada tanto na página do NEPeTeCS no Facebook quanto no canal do Youtube do PPGECH.

Envelhecimento em debate
Tagged on:                     

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *